Ele caminhava pelos escombros. Cheiro de morte no ar. Paisagem de fim de mundo. Apenas o vento frio, que levantava uma nuvem de pó, ressoava em seus ouvidos, como uma melodia fúnebre. Andava com dificuldade. A cada passo a perna falhava, a dor lancinante lhe coibindo o ritmo. O corpo todo ardendo em feridas.
Seus olhos foram se acostumando com a escuridão. Aos poucos começou a distinguir os corpos espalhados pelo caminho. A força que lhe restava foi-se esvaindo. Encostou num pedaço de muro que resistira às explosões. O corpo foi escorregando até o chão. Fechou os olhos. Viu o sorriso da esposa amada e o filho correndo para seus braços. Derramou algumas lágrimas, que molharam o rosto imundo.
... Agora tudo era sem vida. Até mesmo o vento não soprava mais. Aos poucos o dia amanheceu, revelando o horror do cenário. O caos. A morte. A guerra. A estupidez.
Décio Diniz
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